Introdução: A halitose tem etiologia diversa intra ou extraoral. Pode causar constrangimento social e desconforto, com impactos negativos na vida diária. As desordens gastrointestinais têm sido associadas a halitose de origem extraoral. Objetivo: Avaliar a ocorrência de halitose autorrelatada, fatores associados e qualidade de vida em indivíduos com doenças gastrointestinais. Método: Este estudo transversal incluiu 182 indivíduos em tratamento em uma clínica especializada de gastroenterologia (Hospital das Clínicas – UFMG). Os participantes foram submetidos ao exame clínico periodontal, registro dos índices de placa, saburra e CPOD. Estes indivíduos foram categorizados em saúde, gengivite ou periodontite. Dados médicos foram coletados dos prontuários. A halitose foi diagnosticada através de duas medidas de autorrelato específicas e o impacto da halitose na qualidade de vida relacionada à saúde bucal foi mensurado pelo questionário HALT (Halitosis Associated Life-Quality). Resultados: A ocorrência de halitose autorrelatada foi de 50.8% (n=93). 65 indivíduos (35,5%) relataram halitose às vezes e 28 (15,3%) relataram halitose constante. O autorrelato de halitose estava associado a baixa renda (p=0,047), relato de sangramento gengival (p=0,005), uso irregular ou não uso de fio dental (p=0,022), relato de boca seca (p=0,051), saburra lingual (p=0,009) e sangramento a sondagem (p=0,003). Os resultados do questionário HALT mostraram que constrangimento, preocupação, infelicidade, restrição alimentar, mudança de paladar, problemas de comunicação, depressão, ter a aparência afetada, problemas de concentração, vergonha, gastar um tempo extra para evitar halitose, evitar socialização e ter a satisfação reduzida da vida causada pela halitose foram parâmetros significativos. Conclusão: A prevalência de halitose autorrelatada em pacientes com desordens gastrointestinais é considerável e mostrou impacto na qualidade de vida dos mesmos.