Em Odontologia, a exposição ao risco de contaminação cruzada é frequente. Injúrias por instrumentos ou pelo contato com material biológico contaminado podem significar a transmissão de doenças, especialmente hepatites virais e AIDS. Tais acidentes são mais frequentes entre estudantes do que entre os profissionais formados, devido a menor destreza manual. O objetivo deste estudo foi investigar os sentimentos vivenciados e as condutas realizadas após a ocorrência de acidentes com material biológico contaminado entre acadêmicos de Odontologia de uma universidade pública do Estado de São Paulo. Tratou-se de um estudo qualitativo. As entrevistas foram realizadas por meio de um roteiro de perguntas e os depoimentos foram registrados em gravador de voz. Posteriormente, os dados foram analisados segundo a estratégia de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). O sofrimento mais vivenciado foi o medo da contaminação. Por outro lado, a maioria dos acadêmicos não comunicou o acidente ao professor, nem notificou o serviço de saúde, principalmente por sentir incômodo com a necessidade de deslocamento até a unidade de referência, para realização do teste rápido para HIV no paciente-fonte. Pode-se concluir que há uma inconsistência entre o sentimento de medo de contágio e falhas na notificação dos casos, indicando a necessidade de treinamento e sensibilização dos estudantes, para capacitá-los quanto à prática correta do pós-acidente.