Fatores associados ao uso de serviços odontológicos por crianças de 5 anos de idade: estudo transversal
Caroline Correa de OLIVEIRA, Giovanna Torqueto CASTILHO, Marília Narducci PESSOA, Vanessa PARDI, Elaine Pereira da Silva TAGLIAFERRO
Resumo
Introdução: Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 mostraram que apenas 51,2% das crianças e adolescentes de 0 a 17 anos haviam visitado um dentista no último ano. Objetivo: Investigar as variáveis associadas ao tempo da última consulta odontológica em crianças de 5 anos, matriculadas em creches municipais da cidade de Araraquara, SP. Método: A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário pré-testado às mães ou responsáveis e de um exame bucal nas crianças (n=591). O questionário abordou informações sociodemográficas, uso de serviços odontológicos, características odontológicas, conhecimento sobre saúde bucal e aspectos da rotina familiar. O exame clínico seguiu a metodologia do SB Brasil 2020 e foi conduzido por pesquisadores calibrados, que coletaram dados sobre cárie dentária, má-oclusão e necessidade de tratamento. Os dados foram analisados por meio de análises descritivas e modelos de regressão múltipla, considerando um nível de significância de 5%. Resultados: A maioria das crianças (56,5%) teve sua última consulta odontológica há mais de um ano, nunca foram ou a mãe não se lembra da última consulta. Além disso, 38,4% das crianças nunca foram ao dentista. 37,9% das mães classificam a saúde bucal da criança como muito ruim, ruim ou regular, e a própria saúde bucal foi classificada como péssima, ruim ou regular por 38,9% das mães. Crianças sem plano odontológico (OR=4,69; IC95%: 2,84-7,74) e aquelas cujos pediatras não questionam sobre a ida ao dentista (OR=3,90; IC95%: 2,44-6,27) têm maior chance de ter ido à última consulta odontológica há mais de um ano (p<0,05). Conclusão: Uma porcentagem significativa de crianças de 5 anos não teve uma consulta odontológica recente. A falta de acesso a um plano odontológico e a ausência de incentivo por parte dos pediatras para consultas odontológicas regulares foram identificados como fatores de risco relevantes.