Terapia full-mouth e desfechos cardiovasculares: uma revisão da literatura
Bruna Sousa da Silva LIZARASO, Carolina Gama CAMPBELL, Bruna Silva de MENEZES, Taísa Coelho GUIMARÃES, Maria Cynésia Medeiros de BARROS
Resumo
Introdução: A terapia full-mouth (TFM) para periodontite consiste na raspagem de todas as bolsas periodontais em uma ou duas sessões dentro de um intervalo de 24 horas e foi proposta com o objetivo de reduzir bruscamente a quantidade de microorganismos e o risco de recontaminação. No entanto, essa abordagem tem sido associada ao aumento dos níveis séricos de mediadores inflamatórios indiretamente relacionados ao risco cardiovascular. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre a TFM e as alterações séricas associadas aos desfechos cardiovasculares (DC). Método: Realizou-se uma busca no PubMed com o intuito de investigar a relação entre a TFM e os principais DC, bem como alterações nos seus mediadores. Foram incluídos estudos longitudinais em inglês, publicados nos últimos 15 anos. Relatos de caso, estudos observacionais, estudos em animais e revisões de literatura foram excluídos. Dos 38 resultados encontrados, 23 foram excluídos após a análise de título e resumo, e, após a leitura completa, 2 estudos foram incluídos. Resultados: Um estudo avaliou a proteína C-reativa, importante indicador de risco cardiovascular utilizado na classificação atual da periodontite como um marcador de impacto sistêmico. Este mesmo estudo investigou a molécula-1 de adesão celular endotelial. Enquanto, um estudo avaliou uma população específica de indivíduos com angioedema hereditário, o outro avaliou indivíduos sistemicamente saudáveis, porém com diagnóstico de periodontite. Os estudos tiveram acompanhamento de 6 meses. Conclusão: Concluiu-se que há ausência de ensaios clínicos com um desenho de estudo que permita determinar se a TFM está ou não associada aos DC, apesar de existir plausibilidade biológica para tal associação. Assim, a tomada de decisão clínica no uso da TFM deve ser cuidadosamente considerada, dado o atual déficit de evidências científicas.