Introdução: Pacientes pós tratamento de câncer de cabeça e pescoço comumente podem apresentar disfagia que afeta aspectos físicos, psicossociais e emocionais. Objetivo: Sendo assim, o objetivo desse estudo observacional foi avaliar de modo clínico e instrumental, a deglutição em sujeitos com e sem histórico de câncer de cabeça e pescoço por meio da eletromiografia, fluxo salivar e avaliação da qualidade de vida. Metodologia :Analisamos 30 voluntários com próteses totais bimaxilares por pelo menos 6 meses: 15 com histórico de câncer (grupo teste) e 15 sem histórico (grupo controle) da Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba/UNESP. A amplitude eletromiográfica dos músculos temporal, masseter e supra-hióideos em repouso e durante a deglutição de diferentes consistências (néctar, líquido, pudim e sólido) foi avaliada; o fluxo salivar sem estimulação; a disfunção orofaríngea durante o protocolo de deglutição e disfagia e o impacto na qualidade de vida pelo questionário MD Anderson Dysphagia Inventory (MDADI). Os dados foram testados para normalidade (Shapiro-Wilk) e analisados com testes estatísticos (T-Student ou MannWhitney). Resultados: Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos para amplitude eletromiográfica dos músculos (p: repouso - 0,468/0,663/0,619; néctar - 0,240/0,830/0,870; líquido - 0,101/0,760/0,838; pudim - 0,056/0,902/0,967; sólido - 0,494/0,805/0,116) e no fluxo salivar (p=0,438), contudo, grupo teste apresentou impacto na qualidade de vida e no aspecto emocional (p<0,001) e, a sua maioria relatou limitações diárias devido à deglutição. Conclusão: Desse modo, o emprego de medidas subjetivas, como questionário MDADI, mostrou-se relevante para a compreensão do impacto do tratamento do câncer de cabeça e pescoço na deglutição. Tais medidas, se usadas em conjunto com métodos objetivos e clínicos, podem oferecer informações importantes sobre aspectos funcionais de cada paciente e contribuir no tratamento proposto pela equipe médica.