Interação entre Staphylococcus aureus e superfícies de ligas de titânio: Perspectivas microbiológicas e superficiais
Letícia Pupo de OLIVEIRA, Juliana Dias Corpa TARDELLI, Fernanda ALVES, Lucas Barcelos OTANI, Piter GARGARELLA, Claudemiro BOLFARINI, Vanderlei Salvador BAGNATO, Andréa Cândido dos REIS
Resumo
Introdução: A adesão bacteriana a um substrato impacta diretamente a colonização e o desenvolvimento de biofilmes. Entretanto, a literatura odontológica apresenta lacunas na compreensão da interação atômica entre bactérias e superfícies. Como a peri-implantite é a principal causa de falhas em reabilitações orais implanto-suportadas, a análise biomolecular dessa interação é essencial para obter insights para desenvolver superfícies antiadesivas. Objetivo: Este estudo visou correlacionar a variação qualitativa da molhabilidade, carga elétrica, rugosidade e composição química de discos de titânio usinados, Ti, Ti-6Al-4V, Ti35Nb-7Zr-5Ta (TNZT), Ti12Mo-6Zr-2Fe (TMZF), Ti-15Mo e Ti-13Nb-13Zr com a ocupação topográfica e força de adesão de S. aureus, quantificadas por microscopia de força atômica (MFA). Método: As amostras foram analisadas quanto à rugosidade, potencial elétrico, ocupação topográfica e força de adesão de S. aureus por métodos específicos de MFA, molhabilidade pelo método da gota séssil e composição química por espectroscopia com energia dispersiva de raios-x (EDS). Os dados qualitativos foram correlacionados com a força de adesão bacteriana. RESULTADO: A maior força de adesão de S. aureus foi observada em ordem decrescente para TMZF, Ti, Ti-15Mo, TNZT, Ti-13Nb-13Zr e Ti6Al-4V. Conclusão: Este estudo experimental in vitro concluiu que, para os grupos incluídos, a força de adesão de S. aureus não apresentou relação linear com a rugosidade, molhabilidade, potencial elétrico e ocupação topográfica. Quanto a variação do tipo de liga, Ti-6Al-4V, a mais utilizada em aplicações biomédicas, apresentou a menor força de adesão bacteriana, possivelmente devido à combinação sinérgica de suas propriedades superficiais. O estudo não identificou um padrão específico de propriedades superficiais que induzam maior afinidade de S. aureus.