Introdução: A abordagem completa do tratamento antineoplásico demanda a expertise de uma equipe multiprofissional. O uso de terapias antineoplásicas em pacientes oncológicos acarreta várias manifestações sistêmicas e locais. A cavidade bucal, como um local integrado aos demais sistemas do organismo, pode ser porta de entrada de agentes agressores, tendo impacto negativo no paciente oncológico. Uma condição bucal inadequada, com focos de infecção ativos, pode expor o paciente a alto risco de bacterimia e sepse, o que torna importante a função do cirurgião dentista de evitar esse risco. Alterações salivares (xerostomia e hipossalivação), mudanças no paladar, presença de lesões de natureza infecciosa ou inflamatória, como a mucosite oral, necroses ósseas (osteonecrose associada a medicamento) são algumas das manifestações de toxicidade na boca provocadas pela terapia quimioterápica. Em geral essas manisfestações são bastante sintomáticas, causando dores severas, prejudicando a fonação e a nutrição. Objetivo: Avaliar as condições de saúde bucal dos pacientes oncológicos atendidos pela Clínica de Oncologia, do Hospital Universitário de Londrina (HU/UEL), visando prevenir os agravos bucais no período que antecede o tratamento quimioterápico. Método: Trata-se de um estudo de corte, retrospectivo, de coleta em prontuários eletrônicos dos pacientes diagnosticados com câncer, atendidos no Ambulatório do HU, no período de maio de 2023 à junho de 2024, após a inserção do serviço da Odontologia Hospitalar na equipe multiprofissional da Oncologia. Resultados: Participaram da amostra 42 pacientes diagnosticados com câncer. Dentre os pacientes 59,5% era do sexo feminino, com idades variadas entre 40 e 60 anos e os tumores prevalentes foi o câncer de mama e de cólon. Após avaliação minuciosa, conduzida pelo cirurgião dentista, observou-se que 76,2% dos pacientes necessitavam de tratamento odontológico anteriores à quimioterapia e 23,8% não necessitavam de intervenção, sendo que 19% eram desdentados totais e 38% apresentavam a saúde bucal adequada. Foram identificadas as seguintes necessidades de intervenções odontológicas: 52,3% tratamento restaurador, 71,4% tratamento periodontal e 30,9% exodontia dentária. Conclusão: Esse estudo evidenciou o alto índice de necessidade de ações de tratamento odontológico pré terapia quimioterápica aos pacientes recém diagnosticados. O serviço da Odontologia Hospitalar nesse contexto se mostra extremamente importante na ação conjunta nos cuidados ao paciente oncológico, a fim de prevenir complicações locais e sistêmicas, podendo ser fator de redução no número de internações e custos no tratamento, além de preservar a qualidade de vida desses pacientes.