Análise comparativa do perfil de resistência de linhagens de Klebsiella pneumoniae isoladas nos períodos pré-pandêmico e pandêmico
Melina da Cruz Antunes de MIRANDA, Denissani Aparecida Ferrari dos SANTOS, Natália Augusta Barbosa de FREITAS, Valdes Roberto BOLLELA, Juliana Pfrimer FALCÃO, Carolina Nogueira GOMES
Resumo
Introdução: Embora a pandemia do COVID-19 seja uma infecção viral, co-infecções causadas por bactérias multidrogaresistentes foram relatadas em pacientes com COVID-19 em todo o mundo. Objetivos: Analisar comparativamente o perfil de resistência a antimicrobianos de 59 linhagens de K. pneumoniae isoladas de humanos no ano pré- pandêmico de 2019 (n=29) e durante a pandemia nos anos de 2020-2022 (n=30). Material e métodos: O perfil de resistência foi obtido por disco difusão para amicacina (AK), amoxacilina/ácido clavulânico (AMC), ampicilina/sulbactan (SAM), aztreonam (ATM), cefazolina (KZ), ceftriaxona (CRO), ceftazidima (CAZ), cefepime (FEP), cefotaxima (CTX), ciprofloxacina (CIP), cloranfenicol (C), gentamicina (CN), imipenem (IPM), levofloxacina (LEV), meropenem (MEM), nitrofurantoína (NIT), piperacilina/tazobactam (TZP), sulfametoxazol-trimetropim (SXT) e tetraciclina (TE), conforme definições do EUCAST/BrCAST. Adicionalmente, linhagens que apresentaram diâmetro de halo <22mm para CAZ, <21mm para CTX ou <23mm para CRO foram submetidas ao teste de aproximação de disco para detecção de ESBL. Resultados: Três linhagens pré-pandêmicas e 20 pandêmicas foram resistentes a todos os antimicrobianos testados. Todas as linhagens pré-pandêmicas foram resistentes a AMC, SAM, KZ, CRO, CAZ e FEP, 28 a ATM, CTX e TZP, 26 a CIP, LEV e SXT, 25 a CN, 22 a IPM e TE, 21 a NIT, 18 a AK, 17 a MEM e 11 a C. Todas as linhagens pandêmicas foram resistentes a AMC, SAM, KZ e CAZ, 29 a ATM, CRO, FEP, CTX, CIP, CN, LEV, SXT e TE, 28 a AK e TZP, 27 a MEM e NIT, 26 a IPM, e 25 a C. Sete linhagens pré-pandêmicas foram ESBL positivas em comparação a 5 pandêmicas. Conclusão: As altas taxas de resistências encontradas nas linhagens pandêmicas sugerem que o uso indiscriminado de antimicrobianos na pandemia podem ter contribuído para o aumento do perfil de resistência observado. Ademais, a detecção de linhagens produtoras de ESBL é preocupante, pois a disseminação de determinantes de resistência é um desafio no tratamento de infecções bacterianas.