Lesão ulcerada de paracoccidioidomicose em mucosa jugal mimetizando carcinoma espinocelular
Vinícius Lima SABBAG, Gabriela Lopes dos SANTOS, Marcelo Junior ZANDA, Denise Tostes OLIVEIRA
Resumo
Introdução: A paracoccidioidomicose consiste em uma doença fúngica cujas manifestações na boca geralmente apresentam um aspecto moriforme e/ou áreas ulceradas. Essas manifestações orais podem ser confundidas com outras lesões benignas e/ou malignas. Objetivo: Apresentar um caso clínico de uma lesão ulcerada de paracoccidioidomicose mimetizando o carcinoma espinocelular. Conduta Clínica: Paciente do sexo masculino, 65 anos de idade e sem vícios compareceu ao consultório odontológico com a queixa de lesão em bochecha. Clinicamente, notouse uma úlcera com bordas endurecidas, indolor e de aproximadamente 2 cm localizada em mucosa jugal esquerda com tempo de evolução de 40 dias. Foi realizada uma biópsia incisional e a amostra enviada para análise histopatológica. O diagnóstico clínico foi de úlcera traumática ou carcinoma espinocelular. Resultados: Os cortes microscópicos revelaram mucosa bucal constituída por epitélio estratificado pavimentoso paraqueratinizado, intensamente hiperplásico e com microabscessos de Munro. Subjacentemente, no tecido conjuntivo fibroso, notou-se um infiltrado inflamatório crônico com padrão granulomatoso com células gigantes multinucleadas inflamatórias, algumas dessas com o fungo Paracoccidioides brasiliensis no seu interior. Na coloração de Grocott e PAS, foi confirmada a presença dos fungos nos granulomas e no tecido epitelial. O diagnóstico estabelecido foi de paracoccidioidomicose. O paciente foi encaminhado para um pneumologista, que constatou a ausência de lesão pulmonar. Após retorno de 15 dias, houve a disseminação da lesão para outros locais em boca. O paciente foi tratado com antifúngico sistêmico e, após 1 ano, encontra-se em completa remissão da doença. Conclusão: Este caso clínico reforça que a manifestação inicial da paracoccidioidomicose na boca pode mimetizar outras lesões benignas e malignas, como o carcinoma espinocelular, e que a análise histopatológica é essencial para o diagnóstico preciso e para o tratamento adequado do paciente.