Introdução: O abuso sexual infantil é um dos maiores problemas sociais no Brasil, e combatêlo é dever de todos. Objetivo: Descrever a vivência de identificação e denúncia de abuso infantil diagnosticado em ambiente acadêmico. Conduta clínica: Paciente masculino, 4 anos, compareceu à Clínica Escola de Odontologia acompanhado de sua avó. Durante as consultas, observou-se comportamento tímido e introvertido. Na segunda visita, ao exame clínico observouse petéquias arroxeadas no palato e lesão traumática na borda da língua antes inexistentes. Devido às características clínicas e localização, levantou-se a suspeita de lesões por felação, o que em crianças caracteriza a prática de sexo oral forçado. À avó foi questionado acerca dos hábitos, doenças, uso de medicamentos e possíveis acidentes, a qual respondeu negativamente a todas as perguntas. Foram feitos os registros fotográficos, e na consulta seguinte, as lesões já não eram visíveis e a avó foi instruída a respeito da situação. Ao conversar privadamente com o paciente como as lesões tinham ocorrido, a criança relatou voluntariamente a situação de abuso sofrida. Pelo fato ter sido diagnosticado em um ambiente acadêmico, a orientação do Conselho Tutelar local foi de elaboração de um laudo embasado cientificamente para a denúncia, descrevendo as características das lesões e justificando a suspeita de abuso sexual. Assim sendo, o laudo foi realizado e encaminhado por e-mail ao Conselho Tutelar local. Resultados: A denúncia foi recebida pelo Conselho Tutelar, e as denunciantes foram informadas a respeito do conselheiro responsável por investigar a suspeita. A responsável pela criança relatou ter recebido orientações do Conselho Tutelar e a guarda provisória do menor. Conclusão: A identificação desses casos é crucial para quebrar o ciclo de violência. O correto diagnóstico, notificação e atualização sobre a legislação que respalda e rege a denúncia da violência visam garantir uma abordagem adequada e respeitosa no atendimento às vítimas.