Prevalência de lesões bucomaxilofaciais biopsiadas de crianças e adolescentes em um serviço de patologia bucal
Camilla Kammer PEREIRA, Gilberto de Souza MELO, Elis Ângela BATISTELLA, João Victor Silva BETT, Liliane Janete GRANDO, Elena Riet Correa RIVERO
Resumo
Introdução: A prevalência de lesões bucomaxilofaciais em crianças e adolescentes pode variar conforme a faixa etária, e algumas lesões são mais comuns em pacientes pediátricos do que em adultos. Apesar de nem todas as lesões serem usualmente biopsiadas, elas podem trazer complicações funcionais e sociais para os indivíduos. Objetivos: Analisar a prevalência de lesões bucomaxilofaciais em crianças (0 a 9 anos) e adolescentes (10 a 19 anos) submetidas à biópsia em um serviço de patologia bucal. Método: Nessa pesquisa descritiva observacional, analisou-se 4891 registros de biópsias de um serviço de patologia bucal, datadas de janeiro de 2007 a dezembro de 2022. Do total, 448 casos foram incluídos na pesquisa. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, foram coletados dados acerca da idade, sexo, localização da lesão, diagnóstico clínico e histológico. Para a análise estatística, aplicaram-se os testes qui-quadrado e exato de Fisher. Resultados: Do total de casos analisados, 26,3% foram em crianças e 73,7% em adolescentes. Os diagnósticos histológicos mais prevalentes foram mucocele (23,4%), ceratocisto odontogênico (6,47%) e granuloma piogênico (5,80%). A mandíbula foi a localização mais prevalente das lesões (32,9%), seguida dos lábios (26,4%). Houve diferença significativa na prevalência de tumores odontogênicos (p=0,002) e lesões de origem não odontogênicas em adolescentes, e anomalias vasculares (p=0,024) em crianças, quando comparados os grupos etários. A mucocele foi a lesão mais prevalente tanto em crianças (22,03%) quanto adolescentes (23,94%), seguida do cisto dentígero em crianças (7,63%) e ceratocisto odontogênico em adolescentes (8,48%). Conclusão: Diversas lesões bucomaxilofaciais podem acometer crianças e adolescentes, mas suas prevalências podem diferir conforme a idade. É imprescindível que o dentista saiba identificar e diagnosticar as lesões bucomaxilofaciais em pacientes pediátricos, de forma a proporcionar-lhes melhor qualidade de vida.