Introdução: A Úlcera factícia é uma lesão traumática autoinduzida com prevalência em crianças e indivíduos jovens, podendo estar relacionada à distúrbios psicológicos e/ou emocionais. Objetivo: Apresentar três casos de pacientes de diferentes faixas etárias diagnosticados com úlcera factícia. Relato dos casos: Caso 1: menina, 12 anos com queixa de afta que não cicatrizava. O exame clínico revelou úlcera de superfície regular, borda eritematosa, leito necrótico, na gengiva do dente 21. As hipóteses diagnósticas foram úlcera traumática, linfoma e úlcera factícia. Após biópsia, o exame histopatológico revelou processo inflamatório crônico. Orientamos a responsável a observar se a paciente traumatizava a região e retornar para acompanhamento. Caso 2: paciente do sexo feminino, 26 anos, apresentava queixa de afta que não cicatrizava. Na anamnese a paciente relatou ter problemas psiquiátricos. No exame clínico foi observado uma úlcera com borda eritematosa e leito esbranquiçado na gengiva próximo ao dente 46 e também encontramos um fragmento de unha na região, confirmando o diagnóstico de úlcera factícia. Caso 3: Paciente do sexo feminino, 55 anos, compareceu a clínica para exodontia do dente 17. Ao exame clínico observou-se uma úlcera de aspecto granulomatoso na região palatina do dente 17 e as hipóteses diagnósticas foram carcinoma espinocelular e úlcera traumática. A história médica revelou diabetes, hipertensão e problemas psicológicos. Solicitamos radiografia panorâmica e tomografia, as quais não relevaram alterações significativas. Foi realizada biópsia incisional e o exame histopatológico revelou processo inflamatório crônico sem atipias celulares. Após 3 dias, a paciente apresentou sangramento intenso na região, e orientamos a manter alimentação líquida/pastosa e evitar trauma na região. Após 3 semanas a lesão regrediu. Conclusão: É importante considerar a úlcera factícia como diagnóstico diferencial de lesões ulceradas, principalmente em pacientes com problemas psicológicos.