Estresse em estudantes de odontologia na transição entre o treinamento pré-clínico e o clínico: estudo qualitativo
Júlia Margato PAZOS, Franciele de Souza FERREIRA, Isabela BARROS, Tamíris da Costa NEVES, Patrícia Petromilli Nordi Sasso GARCIA
Resumo
Introdução: Nos cursos de Odontologia o período de transição entre a fase préclínica e a clínica é considerado altamente estressante, uma vez que o estudante tem que lidar com as mudanças no ambiente de aprendizado e estressores relacionados ao atendimento clínico. Assim, torna-se necessário um entendimento mais profundo da experiência de estresse para a implementação de estratégias que auxiliem no seu enfrentamento. Objetivos: Avaliar, de forma qualitativa, as percepções de estudantes do 3º ano do curso de graduação em odontologia sobre o estresse na fase de transição pré-clínica e clínica. Material e método: Tratou-se de um estudo observacional qualitativo. A amostra foi composta por alunos do 3º ano de graduação da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP (N=37). Os dados foram coletados por meio de entrevista aberta e individual registrada em gravador de voz. A análise dos dados seguiu a técnica quali-quantitativa do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. Resultados: Verificou-se que a maioria dos alunos (75,7%) relatou dificuldade na transição da fase pré-clínica para a clínica e que essa dificuldade aumentou seus níveis de estresse (81,1%). O motivo mais citado para isso foi a responsabilidade no atendimento de pacientes (54,1%). Quase metade dos alunos (48,6%) apresentou pelo menos um sintoma relacionado ao estresse e a maioria (81,1%) precisou de até um semestre para se adaptar à clínica. As estratégias de redução do estresse citadas foram tentar se acalmar, estudar antes do atendimento, melhorar a organização e pedir ajuda aos professores. A adaptação à ergonomia e biossegurança na clínica foi o aspecto mais citado (45,9%) como tendo interferido no processo de adaptação. As principais sugestões dos alunos para reduzir o estresse nessa fase foram maior treinamento pré-clínico em ambiente clínico, transição mais gradual e maior receptividade do professor. Conclusão: Concluiu-se que os estudantes avaliados perceberam altos níveis de estresse durante a transição do treinamento pré-clínico para o clínico.