RESUMO Introdução: a saúde bucal em usuários de drogas ilícitas é muitas vezes supreendentemente ruim, apresentando uma elevada prevalência de desordens. O consumo do tabaco em todas as suas formas, torna esses pacientes susceptíveis ao desenvolvimento de lesões em tecidos moles e duros, representando o maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer bucal. Objetivo: relatamos aqui um caso de carcinoma espinocelular em paciente tabagista e dependente químico, salientando os aspectos importantes ao diagnóstico e conduta terapêutica. Conduta clínica: paciente sexo masculino, 50 anos, foi encaminhada ao Serviço de Medicina Bucal da Faculdade de Odontologia de Araraquara-Unesp/FOAr para avaliação de lesão em palato mole e orofaringe. De acordo com a história clínica, a lesão surgiu há dois anos e no momento refere dificuldade de deglutição e perda de peso. Relata ser tabagista há 38 anos, usuário de crack e ex-etilista. Nega uso de medicamentos. No exame extrabucal, observavam-se linfonodos submentonianos com aumento de volume e endurecidos à palpação. No exame intrabucal, verificavase ulceração difusa em palato mole estendendo-se até o arco palatoglosso, com aproximadamente mais de 2 cm em seu maior diâmetro, de leito avermelhado com áreas esbranquiçadas, de consistência friável e bordas elevadas, dolorosa ao toque e ao deglutir. Resultados: foram levantadas as hipóteses diagnósticas de carcinoma espinocelular ou infecção fúngica profunda. Foram solicitados exames para avaliação sistêmica e sorologia para fungos que não apresentaram alterações, descartando a possibilidade de micose. Realizou-se então biópsia incisional, que apresentou laudo histopatológico de carcinoma espinocelular in situ. Conclusão: podemos concluir que o cirurgião-dentista desempenha um importante papel no cuidado com a saúde bucal de pacientes tabagistas e dependentes químicos, pois estes se encontram em uma posição de vulnerabilidade e necessitam de atenção especial em relação às doenças bucais.