Carcinoma de células escamosas com acometimento extraoral: como a pandemia pode atrasar o diagnóstico precoce?
Aluan Lucas da Silva MORAIS, Ademar TAKAHAMA JUNIOR, Fabio Augusto ITO, Wllian Ricardo PIRES
Abstract
Representando mais de 90% das neoplasias malignas de cabeça e pescoço, o Carcinoma de Células Escamosas (CCE) decorrente de tecidos moles surge do epitélio superficial que reveste o trato aerodigestivo superior. Sua etiologia é multifatorial, sendo o álcool e o fumo os principais fatores de risco. O objetivo do trabalho é relatar um caso de CCE com comprometimento extraoral em estágio avançado de evolução. Paciente do sexo masculino, 58 anos, compareceu ao ambulatório de Estomatologia da COU/UEL com queixa de lesão em boca e no queixo, com tempo de evolução de aproximadamente 3 meses. Relatou ser fumante desde os 9 anos de idade e ter parado de beber há 2 anos. Ao exame físico, observou-se uma extensa lesão ulcerada, de consistência endurecida, coloração avermelhada com áreas amareladas, superfície, formato e contorno irregulares, borda elevada, limites difusos, em assoalho de boca e rebordo alveolar, se estendendo extraoralmente. O exame radiográfico panorâmico mostrou extensa destruição óssea com fratura patológica em mandíbula. Após a biópsia incisional, o laudo revelou neoplasia epitelial maligna exibindo invasão de células epiteliais atípicas moderadamente diferenciadas no tecido conjuntivo subjacente, confirmando o diagnóstico de CCE. Paciente foi encaminhado ao médico, onde passou por esvaziamento cervical bilateral e pelviglossomandibulectomia, evoluindo a óbito. O diagnóstico precoce de neoplasias malignas e o correto tratamento especializado é fundamental para um prognóstico mais favorável. Devido a pandemia da COVID-19 as pessoas tiveram difícil acesso aos serviços de saúde, e o uso de máscara por conta da mesma possibilitou que o paciente escondesse a lesão extraoral; atrasando o diagnóstico e comprometendo o prognóstico. Além da conscientização quanto ao uso do álcool e do fumo.