Conhecimento dos cirurgiões-dentistas brasileiros sobre a osteonecrose dos maxilares associada ao uso de antirreabsortivos
Viviann Ruocco VETUCCI, Beatriz Rojes TOMAZIN, Guilherme Rossi GORNI, Mário de Arruda VERZOLA, Ana Paula de Souza FALONI
Resumo
Os antirreabsortivos são medicamentos eficazes para prevenção e tratamento de patologias associadas à perda óssea. Porém, podem apresentar como efeito colateral, a osteonecrose dos maxilares relacionada a medicamentos (MRONJ), cuja ocorrência pode ser desencadeada por tratamentos odontológicos. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas brasileiros sobre os medicamentos antirreabsortivos e seus efeitos colaterais, com ênfase para a MRONJ, sua prevenção e tratamento (CAAE:90580818.3.0000.5383). Profissionais atuantes em todo o país (n= 362) responderam a um questionário enviado por e-mail, Facebook, Instagram ou WhatsApp. Cada uma das questões propostas foi quantificada em uma escala de 0 à 1, atribuindo-se valores às respostas de acordo com sua importância para a avaliação do conhecimento dos antirreabsortivos (CAR) e do risco de desenvolvimento da MRONJ (RONJ). Os resultados foram avaliados por meio de dois índices (I): ICAR e IRONJ. Apesar de 69% dos dentistas afirmarem ter conhecimento sobre a MRONJ, somente 31% souberam defini-la corretamente. Em relação ao ICAR, a especialidade de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial (CTBM) mostrou valores superiores a outras áreas. Quanto ao IRONJ, a estomatologia apresentou menores valores. Profissionais com 1-4 anos de formados apresentaram menores valores de ICAR que os formados entre 5-10 anos (p<0,001) e mais que 10 anos (p<0,05). O IRONJ foi maior (p<0,05) para os formados entre 1-4 anos que para os que haviam concluído a graduação há mais que 10 anos. Não houve diferença entre as regiões da federação para ambos os índices. Além disto, a regressão linear indicou que o IRONJ variou em função de ICAR (r2: 0,42). Assim, foi possível confirmar que o conhecimento dos antirreabsortivos é importante para prevenir a MRONJ, sendo necessária maior conscientização dos cirurgiões-dentistas brasileiros a respeito da mesma.