Efeito da obesidade e periodontite materna no peso dos bebês: análise longitudinal dos parâmetros clínico-laboratoriais
Gerson Aparecido FORATORI-JUNIOR, Thiago José DIONÍSIO, Victor MOSQUIM, Bruno Gualtieri JESUINO, Rafaela Aparecida CARACHO, Eliel Soares ORENHA, Francisco Carlos GROPPO, Silvia Helena de Carvalho SALES-PERES
Resumo
A obesidade e a gravidez podem ter efeitos sinérgicos no periodonto, enquanto a obesidade e a periodontite materna podem ser antagônicas para o peso dos recém-nascidos. Objetivou-se analisar, no 3o trimestre (T1) e após o parto (T2), a condição sistêmica e periodontal de gestantes com sobrepeso e a relação com o peso do bebê ao nascer (PBN). A metodologia foi dividida em: Etapa 1- A amostra foi composta por gestantes com sobrepeso/obesidade (G1=50) e eutróficas (G2=50) e foram avaliadas quanto: nível socioeconômico, saúde sistêmica, higiene bucal e condição periodontal em T1. Etapa 2- Posteriormente a amostra foi pareada quanto às características contextuais (G1=25 e G2=25) e foi avaliada em T1 e T2 quanto aos parâmetros periodontais e níveis salivares de TNF-α, IL-1β e leptina por meio do ensaio Luminex. O PBN foi considerado insuficiente (<3 quilogramas [kg]); normal (3-3,99 kg); e excessivo (≥4 kg). Mann-Whitney; teste t; Qui-quadrado; Friedman; ANOVA; e Q de Cochran foram adotados (p<0,05). Na etapa 1, G1 mostrou menor escolaridade (p=0,034) e renda familiar (p=0,011) e maior prevalência de hipertensão e diabetes mellitus gestacional (p=0,002). Não houve diferença entre os grupos quanto aos hábitos de higiene, porém, G1 teve maior prevalência de periodontite (p<0,001). Na etapa 2, G1 mostrou maiores níveis de TNF-α e IL-1β na saliva em T1 e redução de IL-1β após o parto (p=0,009), sem diferença entre os grupos para o nível de leptina. A periodontite persistiu no G1 mesmo após o parto. Mulheres com excesso de peso tiveram filhos com menor peso ao nascer (p=0,022). Conclui-se que mulheres com excesso de peso tiveram pior condição socioeconômica, saúde sistêmica e periodontal em T1. Quando pareadas, mulheres com obesidade apresentaram maior prevalência de periodontite e maiores níveis de TNF-α e de IL-1β em T1, com redução de IL-1β após o parto. Ademais, os filhos das mulheres obesas nasceram com peso abaixo do normal.