Consequências da hiperêmese gravídica em meio oral após fase gestacional – relato de caso clínico
Audrey Foster Lefort ROCHA, Lais de Barros Pinto GRIFONI, Túlio Morandin FERRISSE, Elaine Maria Sgavioli MASSUCATO
Resumo
A ocorrência de náuseas e vômitos ocasionais até cerca de 14 semanas de gestação é chamada de emese gravídica, e pode ser considerada normal. Porém cerca de 0,3 a 2% das gestações, podem apresentar a forma mais grave chamada de hiperêmese gravídica que é uma patologia que consiste em náuseas e vômitos intensos que podem causar alterações no equilíbrio nutricional da gestante e do desenvolvimento fetal. O objetivo do estudo é apresentar um caso clínico de uma paciente que desenvolveu hiperêmese gravídica no segundo mês gestacional, relacionando os fatores físicos para diagnóstico, com as consequências acarretadas pela doença em meio oral. Paciente do gênero feminino, branca, 29 anos, sem comorbidades associadas, evoluiu o quadro de hiperêmese gravídica durante a gravidez, e procurou atendimento odontológico para tratamento após 9 meses do nascimento com queixa principal de hipersensibilidade em alguns dentes. Na avaliação clínica intrabucal pode-se observar lesões de erosão e abfração intrínsecas, restaurações em resina com sinais de corrosão, despapilação lingual, perda do paladar e xerostomia relacionada as náuseas e vômitos constantes. Os achados clínicos foram observados em ambas as arcadas, estando mais presentes em incisivos, caninos e molares. O tratamento teve início com a realização de profilaxia, seguida de aplicação tópica de flúor, laserterapia de baixa intensidade e instrução de higiene bucal para minimizar a sensiblidade dentinária. Na sequência clínica, todas as restaurações diretas foram indicadas para reabilitação da paciente. Conclui-se que as manifestações bucais provocadas na gestante, frequentemente estão relacionadas a alterações comportamentais ou sistêmicas deste período, e é o cirurgião-dentista o profissional de saúde capaz de identificar a presença das consequências presentes em meio oral e adequar assim o tratamento odontológico às necessidades materno infantil.