Disgeusia no paciente com câncer de cabeça e pescoço - como a odontologia e a nutrição podem trabalhar juntas?
Paula Joaquim Bratfisch LINS, Jhessica Campos VICTOR, Juliana Mota SIQUEIRA, Juliana Costa de OLIVEIRA, Carina DOMANESCHI
Resumo
A disgeusia é um efeito colateral frequente da terapia antineoplásica do câncer de cabeça e pescoço devido aos efeitos citotóxicos em tecidos sadios. O objetivo desta revisão narrativa foi verificar como o cirurgião-dentista e o nutricionista podem atuar a fim de reduzir os impactos da disgeusia na qualidade de vida e na nutrição do paciente oncológico de cabeça e pescoço. A revisão da literatura demonstrou que a desnutrição energético-proteica, nestes indivíduos, pode estar presente desde o diagnóstico (35% a 60%) e ser intensificada após o tratamento oncológico devido a efeitos colaterais como a disgeusia, levando a diminuição da ingestão alimentar, piora do estado nutricional, aumento no número de internações, complicações infecciosas, maior tempo de hospitalização, qualidade de vida prejudicada e prognóstico desfavorecido. Ainda não há uma terapêutica padrão-ouro para disgeusia, no entanto, diversas formas de manejo, como o uso de stents intraorais individualizados na radioterapia, ou tratamento com sulfato de zinco, que podem ser realizadas pelo cirurgião-dentista, são discutidas na literatura. Já a proposta nutricional para estes pacientes é maximizar a ingestão nutricional por via oral e se necessário por meio de terapia nutricional (enteral ou parenteral) para prevenir ou limitar a perda de peso e preservar a massa muscular. Tanto o cirurgião-dentista quanto o nutricionista, podem auxiliar esse paciente, nas especificidades de cada área, e reconhecendo a importância da necessidade de vínculo profissional-paciente, bem como esclarecimentos sobre o tratamento, efeitos colaterais, estratégias para alívio de sintomas e cuidados de higiene oral, reduzindo assim o desconforto destes pacientes. Pode-se concluir que a disgeusia impacta na nutrição e prognóstico desses indivíduos, e que o cirurgião-dentista e nutricionista podem contribuir para melhora da qualidade de vida destes pacientes.