A movimentação ortodôntica de dentes tratados endodônticamente pode ser realizada com a mesma facilidade que nos dentes vitais, sempre que o tratamento endodôntico esteja correto. Por outro lado, se houver lesão periapical, o tratamento ortodôntico deve ser adiado até ter sinais clínicos e radiográficos de reparo. Este relato de caso descreve a estratégia terapêutica realizada em um incisivo lateral com abscesso apical crônico. Paciente feminino de 59 anos portadora de aparelho ortodôntico, apresentava dor no palato principalmente ao ingerir alimentos. A avaliação clínica mostrou dor à percussão, bolsa periodontal na face palatina do elemento 12, leve inchaço na região direita do palato com presença de trato fistuloso. Radiograficamente observou-se pino de fibra de vidro, obturação deficiente do terço apical e lesão periapical extensa. Diagnostico: elemento 12 com abcesso apical crónico e trato fistuloso palatino. Tratamento: desativação previa do aparelho ortodôntico, cirurgia paraendodôntica e retroobturação com biomaterial à base de silicato tricálcico (Biodentine) associada a regeneração tecidual guiada (RTG). Após três meses, o dente se encontrou assintomático e o trato fistuloso cicatrizado. Após seis meses, ausência de bolsas periodontais e a avaliação radiográfica mostrou regeneração do cemento, osso e ligamento periodontal. Posteriormente, se deu continuidade ao tratamento ortodôntico. Podemos concluir que neste caso, paciente com aparelho ortodôntico, o tratamento cirúrgico de lesão periapical extensa foi beneficiado ao associar-se RTG e anulação das forças ortodônticas por um periodo de 6 meses.