Úlceras bucais persistentes podem ser as manifestações mais comuns, e às vezes, clinicamente indistinguíveis, de um vasto espectro de doenças como lesões traumáticas, doenças infecciosas, lesões imunes mediadas sistêmicas e locais, e até mesmo neoplasias. O processo para um correto diagnóstico de úlceras orais persistentes ainda representa um desafio. Assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar um caso clínico de úlcera traumática, discorrendo sobre a importância da história clínica somada ao exame clínico. Paciente do sexo feminino, de 54 anos de idade, usuária de prótese total superior e inferior há cinco anos, procurou o Serviço de Medicina Bucal com queixa principal de "fissura"no fundo do rebordo inferior. Segundo o relato, a lesão apareceu há vinte dias, quando após queda e quebra parcial da prótese inferior, a paciente continuou a usá-la, mesmo com dificuldade de mastigação. Ainda segundo relato, a lesão apresentou aumento mesmo após a utilização tópica de acetonida de triancinolona (Omcilon®). Ao exame clínico foi constatada a presença de placa branca raspável na mucosa jugal esquerda e uma úlcera com bordas elevadas, leito amarelado, de aproximadamente quatro centímetros no sulco vestibular inferior esquerdo, correspondendo à área onde a prótese estava danificada. Foi prescrita a utilização tópica de clorexidina 0,12%, em solução aquosa, e Hexomedine Spray® para o alívio da sintomatologia dolorosa. A paciente foi encaminhada para a confecção de uma nova prótese dentária e instruída a não utilizar novamente a prótese inferior.