O carcinoma de células escamosas (CCE) é o tipo histológico mais comum de câncer oral correspondendo a mais de 95% casos. O câncer de lábio corresponde a 25-30% de todos os cânceres de boca sendo 20 vezes mais prevalente no lábio inferior do que no superior. A incidência de radiação UV tem aumentado progressivamente sendo considerada fator etiológico do câncer do lábio inferior. O objetivo deste trabalho é apresentar o caso clínico de um paciente jovem, não exposto ao sol, portador de CCE de lábio inferior atendido no Serviço de Medicina Bucal (SMB - FOAr/UNESP). H.L.T., 29 anos, sexo masculino, leucoderma, fumante, ex-alcoolista, foi encaminhado ao SMB para diagnóstico e tratamento de lesão ulcerada no lábio inferior. O paciente relatou o aparecimento da lesão há dois anos. Ao exame clínico observou-se úlcera superficial, com bordas endurecidas à palpação e leito granular. Áreas eritematosas associadas à erosão superficial e regiões esbranquiçadas foram notadas por toda extensão do lábio inferior. Não foram observados linfonodos palpáveis. Previamente à realização da biópsia incisional, foi feita coloração com azul de toluidina para confirmar a área a ser biopsiada. O exame histopatológico revelou CCE microinvasivo bem diferenciado, com espessura inferior a 3 mm. Foi realizada a vermelhectomia do lábio inferior de forma a obter maior margem de profundidade. A microscopia apontou margens livres. O presente caso ilustra a importância do diagnóstico precoce em paciente não exposto ao fator de risco conhecido para CCE de lábio, que pode evitar tratamentos mutiladores, preservando a qualidade de vida do paciente e aumentado sua sobrevida.