Revista de Odontologia da UNESP
https://revodontolunesp.com.br/article/588018a77f8c9d0a098b4d58
Revista de Odontologia da UNESP
Artigo Original

Atividade antifúngica in vitro de enxaguatórios bucais sobre Candida spp.

In vitro antifungal activity of mouthwashes against Candida spp

Cavalcanti, Alessandro Leite; Meneses, Raphael Oliveira de; Da Silva, Klédysson Freitas; Sá, Stênio Carvalho Vieira de Lorena e; Almeida, Leopoldina de Fátima Dantas de; Castro, Ricardo Dias de

Downloads: 12
Views: 4577

Resumo

Este estudo objetivou avaliar a atividade antifúngica de enxaguatórios bucais disponíveis no comércio brasileiro sobre as cepas de Candida tropicalis (ATCC 13803) e de Candida krusei (ATCC 6538). Avaliaram-se cinco diferentes enxaguatórios, a saber: Oral-B®, Colgate Plax Overnight®, Equate®, Cepacol® e Periogard®. Foi adotada a Nistatina® como controle positivo. Para determinação da atividade antifúngica, foi utilizado o método de difusão em meio sólido (Ágar Sabouraud Dextrose), de modo que foram inseridos 50 μL de cada solução pronta para uso nos poços confeccionados no meio de cultura. As placas foram incubadas em estufa bacteriológica por 48 horas a 37 °C. A análise dos dados foi feita por meio da mensuração dos halos com uma escala milimétrica, sendo estes considerados quando iguais ou superiores a 10 mm de diâmetro. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente pelo teste de ANOVA e pós-teste de Tukey, com nível de significância de 5%, utilizando-se o software GraPhad Prism 4.0. Foram observadas diferenças significativas na atividade antifúngica do Oral-B® (p < 0,001), Colgate Plax® (p < 0,01) e Cepacol® (p < 0,01) sobre Candida tropicalis, quando comparada com a apresentada pela nistatina. Sobre C. krusei, não foi observada atividade antifúngica da Nistatina®, evidenciando-se, assim, uma cepa resistente. Porém, todos os enxaguatórios foram capazes de inibir o crescimento da levedura avaliada, não havendo diferenças estatísticas entre Oral-B® e Periogard®/Cepacol®/Equate® (p > 0,05), Colgate plax® e Cepacol® (p > 0,05), Periogard® e Equate®/Cepacol® (p > 0,05), bem como entre Equate® e Cepacol® (p > 0,05). Os resultados sugerem que o cloreto de cetilpiridínio e o gluconato de clorexidina, principais compostos ativos dos enxaguatórios bucais, constituem importantes agentes que são, possivelmente, responsáveis pela atividade antifúngica sobre as cepas utilizadas neste estudo.

Palavras-chave

Antissépticos bucais, Candida spp., nistatina, clorexidina

Abstract

The aim of this study was to evaluate the antifungal activity of mouthwashes available in Brazil on Candida tropicalis (ATCC 13803) and Candida krusei (ATCC 6538) strains. Five different brands of mouthwashes were assessed: Oral-B®, Colgate Plax Overnight®, Equate®, Cepacol® and Periogard®. Nystatin® was used as a positive control. The antifungal activity was evaluated by the agar diffusion method (Agar Sabouraud Dextrose). Fifty microliters of each readyto- use solution were poured into wells made in the solid culture medium. The plates were incubated in bacteriologic incubators at 37 °C for 48 hours. The results were obtained by measuring the zones of microbial growth inhibition (in mm) and only those with a diameter of 10 mm or more were considered. The data were analyzed by ANOVA and Tukey’s post-test, with a 5% significance level. Statistically significant differences were observed in the antifungal activity of Oral-B® (p < 0.001), Colgate Plax® (p < 0.01) and Cepacol® (p < 0.01) against Candida tropicalis, as compared to nystatin. Nystatin did not show antifungal activity against C. krusei, which appears as a resistant strain. However, all the mouthwashes were able to inhibit the growth of the evaluated yeast, showing no differences between Oral-B® and Periogard®/Cepacol®/Equate® (p > 0.05), Colgate Plax® and Cepacol® (p > 0.05), Periogard® and Equate®/Cepacol® (p > 0.05), or between Equate® and Cepacol® (p > 0.05). These results suggest that cetylpyridinium chloride and chlorhexidine gluconate, which are the most important active components of the mouthwashes, are important agents that are possibly responsible for the antifungal activity against the strains used in this study.

Keywords

Mouthwashes, Candida spp, nystatin, chlorhexidine

Referências



1. Colombo AL, Guimarães T. Epidemiologia das infecções hematogênicas por Candida spp. Rev Soc Bras Med Trop. 2003;36:599-607.

2. Ribeiro EL, Guimarães RI, Inácio MCC, Ferreira WM, Cardoso CG, Dias SMS, et al. Aspectos das leveduras de candida vinculadas as infecções nosocomiais. Newslab. 2004; 64:106-28.

3. Monge RA, Román E, Nombela C, Pla J. The MAP kinase signal transduction network in candida albicans. Microbiology. 2006;152:905-12.

4. Ramage G, Saville SP, Thomas DP, López-Ribot JL. Candida biofilms: an update. Eukaryotic Cell. 2005;4:633-8.

5. Thein ZM, Samaranayake YH, Samaranayake LP. Effect of oral bacteria on growth and survival of Candida albicans biofilms. Arch Oral Biol. 2006;51:672-80.

6. Ferrarini M, Baby AR, Pinto CASO, Velasco MVR, Pinto TJA, Kaneko TM. Influência do Kollidon® 90F e do Polyox® WSR301NF na força de adesão de comprimidos bucais de clorexidina. Lat Am J Pharm. 2007;26:541-7.

7. Torres CRG, Kubo CH, Anido A, Rodrigues JR. Agentes antimicrobianos e seu potencial de uso em odontologia. RPG. Rev Pos-Grad. 2000;3:43-52.

8. Nascimento PFC, Nascimento AC, Rodrigues CS, Antoniolli AR, Santos PO, Barbosa-Júnior AM, et al. Atividade antimicrobiana dos óleos essenciais: uma abordagem multifatorial dos métodos. Rev Bras Farmacogn. 2007;17:108-13.

9. Marinho BVS, Araújo ACS. O uso dos enxaguatórios bucais sobre a gengivite e o biofilme dental. Int J Dent. 2007;6:124-31.

10. Lima ADS, Grégio AMT, Tanaka O, Machado MAN, Franca BHS. Tratamento das ulcerações traumáticas bucais causadas por aparelhos ortodônticos. Rev Dental Press Ortodont Ortoped Facial. 2005;10(5):30-6.

11. Cordeiro CHG, Sacramento LVS, Corrêa MA, Pizzolitto AC, Bauab TM. Análise farmacognóstica e atividade antibacteriana de extratos vegetais empregados em formulações para a higiene bucal. Rev Bras Ciênc Farm. 2006;42:395-404.

12. Sperança PA, Santiago LM, Carvalho TBT, Neves WKF. Verificação da atividade antimicrobiana de soluções à base de própolis, sobre microbiota oriunda de bolsas periodontais: estudo in vitro. Periodontia. 2007;17:54-9.

13. Lustosa SR, Galindo AB, Nunes LCC, Randau KP, Rolim Neto PJ. Própolis: atualizações sobre a química e a farmacologia. Rev Bras Farmacogn. 2008;18:447-54.

14. Simões CC, Araújo DB, Araújo RPC. Estudo in vitro e ex vivo da ação de diferentes concentrações de extratos de própolis frente aos microorganismos presentes na saliva de humanos. Rev Bras Farmacogn. 2008;18:84-9.

15. Alves PM, Leite PHAS, Pereira JV, Pereira LF, Pereira MSV, Higino JS, et al. Atividade antifúngica do extrato de Psidium guajava linn. (goiabeira) sobre leveduras do gênero candida da cavidade oral: uma avaliação in vitro. Rev Bras Farmacogn. 2006;16:192-6.

16. Almeida RVD, Castro RD, Pereira MSV, Paulo MQ, Santos JP, Padilha WWN. Efeito clínico de solução anti-séptica a base de própolis em crianças cárie ativas. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2006;6(1):87-92.

17. Zanin SMW, Miguel MD, Barreira SMW, Nakashima T, Cury CD, Costa CK. Enxaguatório bucal: Principais ativos e desenvolvimento de fórmula contendo estrato hidroalcoólico de saliva officinalis L. Visão acadêmica. 2007;8(1):19-24.

18. Araújo RJG, Oliveira LCG, Hanna LMO, Corrêa AM, Carvalho LHV, Alvares NCF. Análise de percepções e ações de cuidados bucais realizados por equipes de enfermagem em unidades de tratamento intensivo. Rev Bras Ter Intensiva. 2009;21(1):38-44.

19. Bauer AWMM, Kirby JC, Turck M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. Am J Clin Pathol. 1966;45:493-6.

20. Cleeland R, Squires E. Evaluation of new antimicrobials in vitro and in experimental animal infections. In: Lorian V. Antibiotics in laboratory medicine. 3th ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1991. p. 739-87.

21. Hadacek F, Greger H. Testing of antifungal natural products: methodologies, comparability of results and assay choice. Phytochem Anal. 2000;11:137-48.

22. Drumond MRS, Castro RD, Almeida RVD, Pereira MSV, Padilha WWN. Estudo comparativo in vitro da atividade antibacteriana de produtos fitoterápicos sobre bactérias cariogênicas. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2004;4(1):33-8.

23. Sakar MK, Tamer AU, Tokur S. Antimicrobial activities of some hypericum species growing in Turkey. Fitoterapia. 1998;59:49-52.

24. Wong-Leung YL. Antibacterial activities of some Hong Kong plants used in Chinese medicine. Fitoterapia. 1998;69(1):11-6.

25. Ostrosky EA, Mizumoto MK, Lima MEL, Kaneko TM, Nishikawa SO, Freitas BR. Métodos para avaliação da atividade antimicrobiana e determinação da concentra ção mínima inibitória (CMI) de plantas medicinais. Rev Bras Farmacogn. 2008;18:301-7.

26. Bugno A, Nicolleti MA, Almodóvar AAB, Pereira TC, Auricchio MT. Enxaguatórios bucais: avaliação da eficácia antimicrobiana de produtos comercialmente disponíveis. Rev Inst Adolfo Lutz. 2006;65:40-5.

27. Blanc SAL, Baruzzi AM, Pannuti CM. Colutórios que contém álcool e câncer bucal – revisão de estudos epidemiológicos. Periodontia. 2007;17(4):7-12.
588018a77f8c9d0a098b4d58 rou Articles
Links & Downloads

Rev. odontol. UNESP

Share this page
Page Sections