Este trabalho avaliou a ocorrência de diferentes alterações de normalidade e patologias bucais em indígenas da reserva Umutina, no Estado de Mato Grosso. Realizaram-se exames clínicos intra e extrabucais, bem como avaliaram-se as condições de vida da comunidade através de questionário aplicado por assistente social e antropólogo. Numa amostra de 291 índios, 132 (45,36%) possuíam alguma alteração de normalidade ou patologia bucal que não atingia os elementos dentais ou tecidos periodontais. Dentre as alterações de normalidade, a anquiloglossia foi a mais freqüente (35,75%), seguida da glossite migratória benigna (1,72%). Dentre as patologias, foram encontradas hiperplasia epitelial focal, granuloma gravídico, herpes simples labial, embora com pequena incidência. Nenhuma dessas alterações foi influenciada pela idade, sexo, tabagismo, higiene bucal ou dieta. Entretanto, uma menor ocorrência dessas patologias foi observada em indivíduos que consomem bebidas alcoólicas, aqueles que tomam sol e se expõe ao ambiente e entre aqueles que dizem ir no dentista com alguma freqüência. Dessas condições bucais, apenas a aquiloglossia mostrou ocorrência estatiticamente significante quando comparada às demais condições (P < 0,001). Conclui-se que a elevada prevalência de anquiloglossia pode estar associada aos aspectos genéticos da população, que descende de pequeno número de sobreviventes que ali se estabeleceram em meados do século XX. FAPESP 07/51016-3