Introdução: O trauma por arma de fogo infligido à região maxilofacial resulta em múltiplas lesões que impactam significativamente as opções de manejo e reconstrução, com a presença de danos oculares em cerca de 13% dos casos. Objetivo: Este trabalho visa relatar o tratamento de um caso de injúria facial por arma de fogo com acometimento da órbita e estruturas anexas. Conduta Clínica: Paciente do gênero masculino, 22 anos, deu entrada ao pronto atendimento em um hospital referência de trauma no Pará, apresentando ferimento em face após realizar disparo com arma de fogo caseira. Clinicamente apresentava lesão lacero-contusa na região superciliar no lado direito, com a presença de um corpo estranho alojado na ferida, mostrando desorganização dos conteúdos oculares ipsilaterais. Ao exame tomográfico da face observou-se uma imagem hiperdensa sugestiva de um componente do armamento localizado na região interna da órbita direita, em uma posição transversal ao equador orbitário e alojado na face esfenoidal da parede lateral da cavidade orbitária. O paciente foi submetido a um procedimento cirúrgico sob anestesia geral em caráter de urgência para remoção do corpo estranho, abordado diretamente via ferimento cutâneo localizado na região superciliar direita. Este foi removido sem intercorrências, seguido pela realização do desbridamento local sob irrigação abundante com solução salina. As manobras de hemostasia foram executadas pela eletrocoagulação e sutura dos planos anatômicos com Vicryl 4.0, seguido da síntese da pele com Nylon 5.0. Resultados: Atualmente permanece em acompanhamento pós-operatório, com cicatrização satisfatória, ausência de infecção e em programação para enucleação do conteúdo ocular pela Oftalmologia. Conclusão: O tratamento imediato é imperativo para restaurar a forma e função da região lesionada, haja vista que traumas óculo-orbitários geralmente evoluem com sequelas irreversíveis e prognóstico crítico quando postergados.