A realidade é sempre reconstruída pelo sujeito, integrando-se ao nosso sistema de valores dentro da história e do nosso contexto social. Essas representações sociais, socialmente elaboradas e partilhadas, têm um núcleo central que as gera e organiza, dando-lhe significado. Em torno do núcleo central, há elementos periféricos que dão estabilidade à representação. Para tanto, 80 calouros da FOA/UNESP 2012, quando confrontados com a palavra “ABORTO”, indicaram cinco palavras relacionadas ao tema e evidenciaram, dentre elas, duas palavras que julgaram de maior importância (núcleo central). Em sequência, os alunos redigiram um parágrafo para esclarecer melhor o tema em tela. As categorias evocadas pelos alunos referentes ao tema “aborto” somaram 74, sendo os termos mais citados: morte (25 vezes), religião (15 vezes), feto (15 vezes), irresponsabilidade (15 vezes), crime (11 vezes) e estupro (10 vezes). A morte do feto é referente à irresponsabilidade e à religião, que se correlaciona ao crime, interligado ao estupro. Já a palavra imaturidade, apesar de não ter sido escolhida como núcleo, foi citada por alguns alunos (n = 6), demonstrando que o pensamento dos calouros já não se refere ao aborto apenas como uma consequência de um estupro, mas também como resultado da imaturidade dos adolescentes. A discussão religião vs ciência também ocorre: apesar de a maioria ser católica, há uma grande parcela favorável a este quando a gravidez é decorrente de um estupro.